quarta-feira, 23 de maio de 2007

Povo Amargurado

Quando a gente entra na universidade a gente acha que pode mudar o mundo, a gente acredita com todas as nossas forças que vai trabalhar naquilo que sempre sonhou, no caso do jornalismo, temos certeza que vamos escrever matérias de importância na vida das pessoas, que não vamos nos vender, nem nos acomodar.

No segundo bloco, quando começamos a ter contato com o pessoal que já está mais perto da formatura e já está estagiando, começamos a ouvir uma ladainha sobre tooooodas as coisas ruins da profissão. É claro que não mudamos nossas esperanças, apenas ficamos muito chateados com esse "povo amargurado" (pelo menos era assim que eu e meus colegas de turma os chamávamos).

A gente continua o curso, começa a estagiar e a ver que realmente as coisas não são tão perfeitas em alguns lugares, e algumas vezes escolhemos abandonar o estágio, ou porque não gostamos de CTRL+C/CTRL+V, ou porque não concordamos com sensacionalismo, ou simplesmente porque não recebemos em dia.

Nos formamos e entramos pra valer no mercado de trabalho, começamos a ter nossas contas a pagar em dia, trocamos um trabalho por outro, e as coisas as vezes destoam do planejado, mas ainda assim é o que a gente ama fazer, mesmo sem estrutura, mesmo sem boas condições.

Até que um dia conhecemos o desemprego, procuramos opções e não encontramos nada que combine com nossa paixão. Começamos a ouvir então que "A gente não faz só o que gosta", e de tanto ouvir, começa a achar que faz sentido, começa a acreditar que trabalhar com o que gosta é sorte para poucos.

Terminamos então fazendo um trabalho que ironizávamos, escrevendo sobre o que chamávamos de fútil, e nos vendendo para pagar as contas. É nessa hora que a gente lembra daquele "povo amargurado".

No fim, somos só uma casca dura e vazia, que já não acredita em nada, mas paga as contas.

3 comentários:

  1. Flavinha eu concordo plenamente com o seu texto! Antes eu dizia: "não me vendo por isso, isso e isso, nunca no Brasil que eu ia fazer isso" e hoje to me vendendo profissionalmente ( isso ficou estranho hein? eheheheh ), mas é assim mesmo...segundo a lei de muphy: depois piora!!
    bjim :)
    Didi

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  2. Porque tu nunca me disse que tinha um blog? Ou será que disse?
    Hahahahhahahahahahahhaha
    Ei, o Vinícius ressurgiu das conzas hoje tu acredita? E até marcou um encontro....hahahahhahahahaha...será que ele vai?
    Depois te conto, ou então você descobre pelo meu blog!
    Bjocas

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  3. viii...sei como é isso. texto bem verdadeiro. bjo

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