Todos os 90 minutos do filme são ocupados por trechos de depoimentos dados por Traudl Junge (a secretária a quem Hitler inclusive ditou seus testamentos), e mesmo assim fiquei fascinada, presa na frente da televisão, ela dá descrições tão perfeitas que às vezes dá até pra vizualizar as cenas.
Durante sua narrativa ela conta como chegou ao abrigo de Hitler, como as coisas funcionavam lá, que tipo de informações chegavam às pessoas que estavam lá, que era um "ponto cego"... Ela fala também do Hitler na intimidade, segundo ela bem diferente do que se mostrava em público até no jeito de falar, conta “causos”, relata preferências, modos...Uma coisa que ela falou me chamou a atenção, Hitler não gostava de ter flores em seu quarto porque não gostava de coisas mortas perto dele, quem diria...
Junge conta que só muito depois da guerra ficou sabendo do que realmente acontecia, e mostra que o ditador criou uma imagem de um mundo terrível caso a Alemanha perdesse a guerra. Mas alguns dos momentos mais impactantes são os silêncios da secretária, nos olhos dela a gente percebe a angústia, a dúvida, a culpa...
Durante todo o filme ela diz que era muito jovem e ingênua, mas lá no finalzinho, ela relata que bem depois da guerra passou por um monumento à uma jovem alemã que tinha a idade dela, e havia sido morta por combater o nazismo no mesmo ano em que ela começou a trabalhar com o Fuher.”Foi aí que vi que juventude não é desculpa para nada”, essa é a última frase dita por ela no documentário...
Um ano depois do lançamento do filme, Traudl Junge morreu de câncer. Suas últimas palavras foram: “Agora estou começando a me perdoar”.
Vai então mais uma dica de cinema: A Queda – As últimas horas de Hitler. Vendo esse depoimento da Traudl notei que muitas cenas do filme são adaptações perfeitas do que foi contado por ela, até os diálogos são iguais, e o filme é realmente muito bom. Opa, depois de escrever esse post achei na net que a voz em off do filme foi retirada desse documentário, ou seja, a voz no filme É de Traudl Junge!